Posted by scenicrecords on Jul 18, 2018 20:56:33 GMT -3
Dono de um dos nomes mais repercutidos nos últimos dias, Max Blair foi convidado a uma entrevista pela 6 Music, estação da BBC Radio, sediada em Londres, cidade de residência do produtor. Além de relatar a sua experiência na criação de Your Skin e Brazilian Bombshell, Blair revela os bastidores da preparação do Coca-Cola Festival, apresentação comentada principalmente por suas surpresas perante o público. Confira com detalhes:
Max Blair: MB – Johnny Blake (entrevistador): JB;
JB: Bom dia a todos os ouvintes os quais estão nos acompanhando. Seguindo a nossa programação, agora recebemos o entrevistado um tanto novo nos holofotes, Max Blair!
MB: Olá! Espero que quem esteja nos ouvindo não esteja preso no engarrafamento que quase me atrasou (risos).
JB: Mais pontual, impossível, ainda mais com o seu nível de elegância enquanto estou usando os meus velhos humildes Crocs.
MB: Ninguém precisa saber disso, não é mesmo?
JB: Olhando as perguntas recebidas pelo Twitter, vemos que a mais pertinente para o início do bate-papo seria saber o que Brazilian Bombshell e Your Skin exatamente são: singles, promos, um projeto buzz?
MB: A partir de erros cometidos por outros artistas, aprendi que a melhor forma de surpreender é dizendo menos e criando mais, não quis de forma alguma antecipar o que seria o lançamento das canções por ele ter sido algo que dependeu de diversas confirmações, tanto pelos artistas como a nossa participação no festival. A minha vaga no evento foi reservada sem revelar o meu nome a fim de não correr o risco das canções ou agenda de cada um ali necessário não corroborarem, gerando certa frustração do público, algo horrendo para um projeto que necessitava da aderência dele, por ser algo ousado ao envolver um formato de lançamento inusitado e uma gama de línguas e menções de fora em uma única canção, algo não usual no mercado musical.
JB: Você acredita na fala de quem diz lançar sem pretensões ou ambições?
MB: Apenas se o artista tiver um descaso com o seu trabalho ou simplesmente não dependa dele, não digo financeiramente, e sim como ele irá repercutir em sua imagem, sendo que só possuímos um rosto, ou seja, uma vez que você se envolve em certa linha de pensamento ou fato, dificilmente será desvinculado. Até hoje as pessoas associam o nome de Michael Jackson à pedofilia ou Justin Timberlake ao oportunismo midiático de uma suposta traição por parte da Britney Spears, é inegável que, bem ou mal dado, cada passo em sua carreira será cimentado, sempre haverá quem relembre por amor ou ódio.
JB: Você acredita que a Internet apenas intensificou esse eterno tribunal?
MB: Sem dúvida alguma, nos dias hodiernos qualquer um pode vasculhar qualquer defeito que se tenha. Quem antigamente tirava zoom de seu rosto a fim de encontrar imperfeições? Ninguém. Cada pessoa existente possui ferramentas capazes de desvendar o que bem entender, não digo isso defendendo pessoas racistas que são desmascaradas após anos na mídia, porém uma frase pode ser distorcida, um verso tirado de contexto. Não é a toa que Taylor Swift, Katy Perry e Nicki Minaj já foram acusadas de homofobia ou de estereotipar com um preceito LGBTQ por trechos descartados ou canções apenas aceitáveis em seus tempos de lançamento. Não é por eu ser de origem judia que simplesmente irei buscar colocar quem não for do meu afeto em saias justas. Todos nós queremos respeito, mas é necessário saber a hora certa de interver, pois muitas figuras extremamente benéficas para um grupo podem ser massacradas pela vontade de alguns desse mesmo.
JB: Falando em Katy Perry, como foi que Your Skin surgiu entre vocês?
MB: Sempre apreciei a persona artística dela, ainda mais após ocorrer certo amadurecimento em seu conceito, deixando os pirulitos e algodões doces para reflexões não puramente românticas a partir de sua vivência e filosofia, sem perder a sua aura que desperta a atenção de todos. A partir de Renascence, tive a certeza de que algum dia iria trabalhar com ela dependendo da minha parte, e quando o trabalho certo surgiu, assim o fiz. Acredito que a espera valeu a pena frente ao resultado final impressionante, uma faixa que adorarei tocar para os meus futuros netos pela energia carregada no instrumental e riqueza poética na fala e canto de Katy, a qual, cada vez mais, se prova uma vocalista.
JB: Gostaria que você comentasse os benefícios de não estar no mercado musical na linha de frente como tipicamente é: uma banda ou cantor solo.
MB: As pessoas gostam de nos colocar em caixas bem delimitadas, talvez por medo e preguiça do novo ou até mesmo para facilitar a divulgação com um conceito melhor estabelecido, como um cantor. A grande questão é que a música é muito mais que a voz, por mais que esse seja o instrumento que o público mais se conecta por possuí-lo naturalmente e poder imitar da forma que puder. O grande benefício de ser quem sou é não haver barreira artística alguma, posso explorar as temáticas e gêneros mais distintos que existirem em uma mesma era e ninguém reclamará, o cantor possui uma cobrança estrondosa em sua coerência, já eu deparo-me com uma liberdade estupenda e um universo de possibilidades e colaborações, com as mais diversas identidades ao redor do globo, algo que concretizou Brazilian Bombshell. Creio que os próprios cantores gostem da existência de pessoas como eu, pois assim podem ousar coisas que dificilmente poderiam fazer em sua discografia solo, além de ser menos julgado pelo conteúdo diretamente por distribuir o peso da repercussão com os outros participantes do projeto.
JB: Você realmente está precedendo o que eu irei lhe perguntar. De que forma você enxerga Brazilian Bombshell? Um tributo, uma celebração, uma tentativa de unir a partir das diferenças, o que seria?
MB: Pode-se ver como tudo que foi dito ou simplesmente uma expressão artística e de entretenimento, a inspiração inicial surgiu da forma mágica que Carmen Miranda encantou a todos com uma quase feitiçaria no século passado, sendo a primeira grande representante do Brasil afora, todavia não para aí, remete a tantas lembranças não só minhas... Inspirações podem surgir de qualquer lugar, do olhar da Bette Davis a uma embalagem de leite, o resultado final é capaz de tomar uma nova forma e representar as mais inimagináveis coisas para cada um, não cabe a mim dizer, por mais que eu seja o criador, todos os possíveis encaixes, o trabalho está na mesa, cabe a quem se interessar desvendar e falhar ao tentar colocar em vidros o que abrange tantos horizontes. Chegaram a até questionar a maneira que Anitta integrou o projeto, mas em momento algum ela foi dita a protagonista do trabalho, nem vejo a mim ou Bruno desta maneira, somos apenas canais da mensagem que queremos passar, se for cantando vinte estrofes ou dois versos... Pouco importa. Apenas digo que ela foi essencial para que Brazilian Bombshell terminasse no jeito exato que tanto queria, uma realização não só profissional deparar-me com a canção entregue ao público, algo que abrange muito mais que o nível de exposição de cada um.
JB: Justo. Apesar de estar maravilhado por suas colocações, creio que terei que encerrar a entrevista a fim de apresentar ambas, por sinais ótimas, faixas!
MB: Muitíssimo obrigado pelo convite, sempre é um prazer esclarecer o máximo possível para todos que apoiam a arte e o público geral, nós estamos aqui pelo apoio de vocês, não deixem que ninguém diga o contrário. Um ótimo dia para os ouvintes da BBC, incluindo a mim (risos).
JB: Nós que agradecemos o privilégio de ser a primeira na sua provável agenda turbulenta. Continuem agora com Your Skin e seguidamente Brazilian Bombshell.
MB: A ordem ideal, aliás, antes relembrar certas saudades e depois ser tomado pelo agito da granada dos tambores cariocas (risos novamente como em todo bom fim de entrevista).
JB: Play it!
Ambas canções foram inclusas em todas programações das estações da rede multinacional BBC.